Região Nordeste - Onde a farinha não pode faltar [#6]
Na varanda - “Farinha de mesa”
A Cartinha da Rainha está de volta! Vamos começar o ano conhecendo um pouco mais da região que possui a maior quantidade de estados no Brasil, o Nordeste e seus nove estados.
O nordeste é a segunda região com maior produção de mandioca no Brasil, ficando atrás apenas da região Norte. No nordeste brasileiro, as casas de farinha são um importante elemento da cultura regional, onde ainda ocorre o beneficiamento de forma artesanal por pequenos produtores. Nas casas de farinha, a mandioca é transformada em diversos produtos como a goma para tapioca (alimento rotineiramente presente no café da manhã, lanches e jantar), massa de mandioca pubada, e a farinha, utilizados tanto para consumo próprio, quanto para comercialização.
Entre os derivados desta raiz a farinha de mandioca apresenta-se com destaque estando presente na mesa dos brasileiros do Norte ao Sul do país. De grande importância na região Nordeste, em especial no sertão, onde os períodos de seca limitam a variedade da produção alimentar, a farinha de mandioca é um alimento base, ao lado do feijão e da carne seca, auxiliando na segurança alimentar e nutricional da população.
A farinha de mandioca seca é o tipo mais consumido na região. Acompanhe aqui como é realizado o processo de produção artesanal.
Quer saber mais ?
Escrivaninha - A farinha de mandioca na alimentação escolar
Sente-se, fique à vontade em nossa escrivaninha, um espaço para divulgar notícias, estudos e pesquisas sobre a rainha mandioca e toda sua potência.
Hoje nós iremos apresentar um estudo etnográfico realizado em uma escola pública no município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, que acompanhou as práticas alimentares de estudantes do ensino fundamental na modalidade Educação Integral entre fevereiro e agosto de 2017.
Com foco no consumo da farinha de mandioca, as pesquisadoras escreveram um relato a partir de suas observações. O ponto de partida foram algumas frases ditas pelos alunos durante o almoço, tal como: “Ô louco, comida sem farinha não presta” que foi proferida diante da possibilidade da farinha acabar; outras como: “Num nega farinha não” e “Sou farofeira, mesmo” que revelam a importância da farinha na alimentação escolar. Além disso, ao contrário das tradições familiares, em que a farinha é servida pelos próprios membros, avaliou-se que nesta escola o fato da farinha ser servida pelas merendeiras repercutiu em novas interações envolvendo os alunos, as merendeiras e a farinha, as quais foram discutidas no texto, por exemplo, o uso de expressões físicas e/ou verbais pelos alunos para indicar a quantidade e o modo que a farinha deveria ser colocada sobre o prato.
Em suma, constatou-se que a farinha de mandioca é considerada como um alimento indispensável na composição do prato. No caso em questão, além de ser um alimento associado aos processos de resistência contra a pobreza e a fome, a farinha de mandioca está estreitamente relacionada à cultura alimentar e aos processos de formação identitária destes alunos.
Leia o estudo na íntegra de Edleuza Oliveira Silva, Lígia Amparo-Santos e Micheli Dantas Soares aqui
Fontes complementares:
No Fogão - Uma receita rápida, fácil e saborosa!
A receita deste mês está disponível no website da jornalista alagoana, Nide Lins, e para prepará-la você precisará de apenas 2 ingredientes. Aprenda a fazer o cuscuz de massa puba, uma ótima opção para o café da manhã ou para comer à tarde acompanhado por um cafezinho!
Ingredientes:
1 xícara de chá de massa puba (massa de mandioca fermentada, pode ser encontrada em feiras livres);
1 xícara de chá coco fresco ralado;
sal a gosto
Modo de preparo:
Misture todos os ingredientes. Em seguida, coloque a massa na cuscuzeira em fogo baixo. Retire do fogo quando estiver cozido e sirva com manteiga.
Portarretrato - Uma homenagem à macaxeira no IFAL
Para finalizar a nossa Cartinha, confira as fotos do workshop “Macaxeira, a rainha do Brasil” que ocorreu nos dias 6 e 7 de dezembro de 2022 no IFAL - Instituto Federal de Alagoas! O workshop foi realizado pelo curso técnico integrado em Cozinha, da educação de Jovens e Adultos (EJA) e teve a participação da professora Evla Ferro, que também integra o grupo Alimentação Brasileira - Mandioca do Sustentarea. Evla aproveitou a oportunidade para apresentar aos alunos as técnicas de processamento de mandioca aprendidas durante as duas oficinas culinárias promovidas pelo grupo no evento de 10 anos do Sustentarea.
A programação do workshop incluiu um concurso culinário de tapioca, oficinas temáticas, além de uma palestra introdutória.
Mais sobre o evento de 10 anos do Sustentarea aqui.
Esse conteúdo foi organizado e editado pelas integrantes do GT Alimentação Brasileira - Mandioca Alice Medeiros, Evelym Landim, Evla Vieira, Jennifer Tanaka, Letícia Gonçalves e Thais Arcari.