O vocabulário cultural da rainha do Brasil [#14]
Na varanda
“Só valorizamos aquilo que conhecemos”
Essa é uma frase que a nutricionista e chef Jane Glebia nos trouxe durante o encontro que tivemos recentemente sobre o universo da mandioca e que ficou ecoando em nós. Diante de um país com uma cultura tão diversa como o Brasil, conhecer o diversificado vocabulário que circunda a cultura da mandioca pode nos aproximar e despertar o sentimento de valor para toda a potência que a cultura alimentar da mandioca tem. Por isso, gostaríamos de te convidar a conhecer algumas terminologias culturais da mandioca. Vem com a gente!
Quer conhecer mais sobre algumas terminologias da cultura alimentar da nossa rainha? Te convidamos a voltar e apreciar a cartinha Um dia para comemorar a raiz nacional #9 onde também apresentamos um mini-glossário com algumas terminologias.
Na escrivaninha
O Instituto Laurinda Amazônia é um projeto idealizado e gerido pela nutricionista e chef Jane Glebia. O projeto visa implementar ações socioambientais para melhoria das condições de vida, valorização da cultura e tradições dos ribeirinhos e quilombolas de Mangabeira, uma comunidade com pouco mais de 500 habitantes, às margens do Rio Tocantins no Pará.
Uma das frentes do projeto é promover o resgate da cultura das casas de farinha de mandioca. Na comunidade de Mangabeira, são produzidos tradicionalmente quatro tipos de farinha de mandioca: farinha d’água, farinha de carimã, farinha de tapioca e farinha de crueira. Durante muito tempo, essas farinhas foram a base alimentar dessa comunidade desde a introdução alimentar. Hoje, esses alimentos-base vêm sendo substituídos por alimentos ultraprocessados. Por isso, o trabalho do Instituto é tão importante.
Quer saber mais sobre o Instituto Laurinda da Amazônia?
Acesse o site através desse link e acompanhe o projeto nas redes sociais @institutolaurindaamazonia
No fogão
Você sabia que existem muitos tipos de beiju? Pois é, eles se diferenciam de acordo com a cultura de cada local de produção. Alguns levam ervas e especiarias, outros algum tipo de castanha triturada. Tem beijus que ficam torrando no forno até ficarem bem secos, outros passam brevemente pelo forno apenas para cozinhar a massa, resultando em uma consistência macia. Tem beiju recheado, beiju de espessura fina feito filó, mais espesso feito bolo, cozido em folha de bananeira ou direto na chapa do forno. Tem beiju de massa e beiju de goma. Depende de onde ele está sendo preparado, da sua origem.
Na comunidade de Mangabeira, distrito de Mocajuba, no Pará, onde está situado o Instituto Laurinda Amazônia, apresentado na seção anterior, Joana Laura prepara um beiju de massa, feito da massa mole de mandioca e enriquecido com castanha do Brasil. Primeiro, ele é assado na folha de bananeira para cozinhar e, posteriormente, segue direto para a chapa do forno para secar até ficar bem crocante.
Joana Laura preparando o beiju de massa. Foto por Evelym Landim, 2023.
Na mesma região, porém em outra comunidade, a comunidade Quilombola de Uxizal, Dona Denilza prepara o beiju-sica. Ele também é produzido a partir da massa mole da mandioca que, nesse caso, é enriquecida com erva-doce e assado em forno a lenha até ficar bem seco e crocante.
Beiju-sica da Dona Denilza. Foto por Jane Glebia, 2023.
Que tal se inspirar e preparar um beiju de mandioca aí na sua casa para acompanhar aquele chazinho ou cafezinho? No perfil @comermandioca, você vai encontrar o passo a passo para preparar um beiju de mandioca de fácil preparo e bem gostoso. Clique aqui para acessar a receita.
No Portarretrato
O Sustentarea – Núcleo de extensão universitária da USP e a Biblioteca da Faculdade de Saúde Pública da USP têm o prazer de anunciar um acervo especial dedicado à nossa querida rainha: a mandioca.
A exposição temporária da “Biblioteca Real, a Mandioca na Literatura” conta com uma curadoria de mais de uma dezena de obras em formato impresso e/ou digital.
Porque a mandioca faz parte da nossa história, cultura e afetos, acreditamos que esta raiz amazônica tem potencial para vislumbrar nas preparações, nas prescrições dietéticas, nas salas de aula, nas pesquisas dentro das universidades, nos programas de incentivo agrícola e nas políticas públicas de alimentação.
Você pode visitar a exposição gratuitamente, de segunda a sexta, das 08h às 20h.
Não perca tempo, pois a mostra ficará disponível até o dia 29 de setembro!
Caso não possa nos visitar presencialmente, preparamos uma lista com todas as obras. Quem sabe você encontra uma dessas obras nas bibliotecas de sua cidade?
Se tiver alguma sugestão, por favor, nos contate. Adoraremos aumentar nosso acervo e honrar nossa rainha como ela merece!
Referências
https://infograficos.estadao.com.br/paladar/os-descendentes-da-mandioca/
Errata: Na cartinha #13 “A Mandioca na Alimentação Escolar: desafios e possibilidades”, erramos em dizer que Soraya está há 20 anos na alimentação escolar de Águas de Lindóia, gostaríamos de fazer a correção. A informação correta é que ela está há quase 20 anos.
Esse conteúdo foi organizado e editado pelas integrantes do GT Alimentação Brasileira - Mandioca: Alice Medeiros, Evelym Landim, Evla Vieira, Gerson Nogueira, Jennifer Tanaka, Letícia Gonçalves, Suany Silva e Thais Arcari.